quarta-feira, 29 de agosto de 2012

ORGANIZAR O POVO PARA A SUA LIBERTAÇÃO


Vivemos em tempos difíceis. A vida do povo não se resume em eleição. Sem organizar o povo não há libertação. O compromisso de qualquer militante é a organização do povo, mesmo que com motivações diferentes, para além da religiosa.

A teoria nos ajuda a entender o mecanismo das relações.

A ideologia, na metáfora dos óculos, ela ofusca, porque existem formas diferenciadas de ver. Assim, há também muitas maneiras de analisar a realidade, dependendo de quem a faz.

No Brasil, sociedade capitalista, há uma forma específica de organizar a produção de bens: tem dono x empregados. Isto gera uma sociedade de classes que se antagonizam, é qual um jogo de futebol, não é possível os dois (2) ganharem. Quanto mais a produção aumenta, mais antagônicas são as relações. Geram desigualdade. Os pequenos capitalistas e os bem empregados geram a classe média. O Governo nesta situação é apenas gestor das contradições. Não tem luz própria, como acontece com a lua. Ou está de um lado ou do outro. O Estado é para gerir – ordenar as contradições. Os governos não tem poder, porque o Estado, a Nação é capitalista. O governo é passageiro. O poder está nas classes. A História do Brasil é entendida como uma ondulação. Ora os capitalistas sobem, e a classe trabalhadora desce. Este fenômeno é entendido como refluxo, sobrevêm, então, apatia e perda de direitos. Faz-se necessário, nesta situação, organizar a classe trabalhadora, acumular forças e ascender. Nos processos de ascensão muitas instituições, organizações contribuíram, como a CGT, a UNE, a Ação Católica e outras mobilizações. Aí veio a Ditadura, repressão, tortura, desrespeito aos Direitos Humanos. O enterro do operário Santo Dias, morto por policiais durante uma greve, em 1979 reuniu na Catedral da Sé, na época, 100 mil pessoas! Isto contribuiu com a derrocada da Ditadura. Nunca uma vitória ou derrota é vitalícia. Seu comportamento é dialético. Quanto tempo demora ninguém sabe. Depende da CONSCIÊNCIA de classe que é igual a ter conhecimento, cultura histórica. As novelas e os noticiários da Globo, são as vilãs da alienação popular. A desilusão é falta de consciência, de organização, de luta. Hoje nos encontramos na resistência: a greve dos professores, as CEBs, operários das Obras do PAC, movimento de Jovens identificando torturadores, exigindo punição e outras. Em todo o Reascenso o fator determinante é a psicologia das massas, ou seja, o comportamento coletivo. Novos espaços e fronteiras surgem no Reascenso. As massas criarão seus líderes em suas lutas, surgindo sempre novas lideranças.

O Governo é apenas uma parte da luta de classes e Governo de trabalhadores num estado Capitalista é sempre contraditório.

Quem dirige a economia hoje é o capital financeiro (bancos) e as indústrias transnacionais. Os bancos determinam os juros e as transnacionais geram riqueza, mas o povo leva a pior. A taxa do governo (Selic) é 7%, da indústria e comércio – 48% e os cheques especiais e de crédito pessoal chega a 150%. Os capitalistas do mundo inteiro estão vindo ao Brasil. Investem capitais em: matérias primas de exportação; Recursos Naturais; Energia; Telefonia Celular. Em 1980 a Indústria representava 30% da riqueza, hoje 15% e a desindustrialização não gera emprego. Naquela época a Indústria fazia parceria com Igreja, Sindicatos, Círculos Operários. Hoje a burguesia reproduz sua ideologia pela mídia, televisão. Arma ideológica para reproduzir a sua parte. Por isso a burguesia não precisa mais da Igreja católica. Quem financia a Assembleia de Deus é o Bradesco, como uma forma de controlar os “Lumpen”. As Pentecostais são financiadas pelos norteamericanos.

Os partidos perderam a identidade de classe. É o capital que manda nos Partidos. São hoje uma geleia ideológica. Por isso é tão importante a luta por Financiamento Público de Campanha. No próximo reascenso de classe surgirão novos partidos e novos líderes. A novidade hoje é que o capitalismo separa o econômico do Estado. Os capitalistas tem mais força do que o Estado. A Bong, Cargill, Shell, dominam 60% do Etanol brasileiro.

O governo Lula e Dilma: Governo de composição de classes em época de descenso, deveria ter ganho em 1989, no ascenso, daí teria sido um Governo de trabalhadores. É governo de composição e, por isso, contraditório.

Os problemas no governo Dilma:

1. A crise capitalista na Europa que vai chegar aqui também, já chegou a Argentina, por ter uma economia mais frágil que a brasileira, sendo mais dependente das exportações que o Brasil.

2. Política institucional - Partidos (difícil conseguir apoio)

3. Dilma não é líder, é tecnocrática (Lula tinha carisma)

4. Falta de Projeto Nacional, o Brasil não sabe o que quer.

• Nas últimas eleições Serra foi o representante do capitalismo, Marina da classe média e Dilma dos trabalhadores que são hoje 96 milhões, dos quais apenas 1/3 tem carteira assinada, 1/3 sem carteira e 1/3 com bolsa família. 36 milhões de trabalhadores trabalham sozinhos, não tem consciência de classe. As categorias mais exploradas e dispersas são trabalhadores rurais, os comerciários e as empregadas domésticas, setor de serviços. O aumento de salário mínimo beneficiou os dispersos. O crédito fácil virou endividamento de 70%. O individualismo, bombardeio diário na mídia. O Neoliberalismo desarticulou a classe trabalhadora. Há um comodismo ideológico neste momento.

Desafios para a classe trabalhadora sair desta situação:

A classe está derrotada, em refluxo, o governo é de composição, também há trabalhadores, não há luta de massas. O Reascenso nos salvará, enquanto isso, que desafios temos a superar no deserto, na travessia?

• Insistir no trabalho de base permanente para retomar a conscientização.

• Formação de lideranças, militantes – estudar.

• Estimular tudo que é luta social.

• Criar plataformas unitárias – temas comuns (Ex. briga contra juros)

• Estimular meios de comunicação alternativos.

• Construir um PROJETO para o Brasil. Falta liga, algo que une. Todos têm suas ideias, mas algo que une de norte a sul do país!

Nos próximos dois anos o Reascenso de Classe será retomado! A classe, no reascenso, cria novas formas de luta e novos líderes, para parar de olhar para trás, mas para frente. Pode ser que a crise internacional detone algo. Estimular todos os Movimentos em suas escolas de formação para um outro período. Época de resistência é época de formação, preparação de pessoas, conscientização, formação de quadros!

Elementos de Conjuntura a partir da colocação de João Pedro Stédile no Seminário Estadual da Vida Religiosa Inserida e Solidária, agosto 2012, compilados por Ir. Lourdes Buttini-IDP.

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