Na Casa de Oração Santa Cruz – Bairro Glória – POA
Com muita alegria e entusiasmo iniciamos nosso Seminário, acolhendo-nos
mutuamente. Animadas e fortalecidas pelo nosso Deus que caminha com o seu povo,
vê suas dores, seus sofrimentos e perseguição, ouve seu clamor e desce para
libertá-los. A oração inicial nos reportou para a vida, a luta do povo das
nossas comunidades. Fortalecidas pela Palavra de Deus, caminhamos com esperança
e convicção de que Deus levantará sua mão para libertar os pobres, que estão
perdendo seus direitos e sua dignidade.
Eliane de Moura Martins refletiu com o grupo sobre a nossa história,
sobre a formação do nosso Brasil. Como se deu a construção do Capitalismo no
Brasil: Brasil Colônia, Século XX – 1945 Era
Vargas..
Partimos de palavras que refletem perspectivas, angústias,
possibilidade. Apareceram as seguintes: Insegurança, medo, impotência diante do
futuro, violência, fome, direitos,
Políticas Públicas, Mentira, indiferença, pobreza crescente, intolerância, fenômeno Bolsonaro, depressão, falta de educação, alienação.
É importante considerar dois pontos históricos:
- 1930 – Ideia de promessa de inclusão das grandes massas populares em
sociedade salarial/ Getulio Vargas, com direitos.
-1980-90 com Fernando Henrique Cardoso (FHC) “Esqueçam o Getulio
Vargas, vamos entrar na modernidade “on line” – tecnologia”.
Nós não nascemos num país, mas numa empresa. Em 1500 o mundo é dirigido
pela Igreja Católica e as monarquias. Havia imobilidade social. Os ricos, os
nobres eram os abençoados por Deus. Os outros eram não abençoados. Os
portugueses que vieram eram na maioria agricultores e mineradores. Os
mineradores vieram para colher, explorar. Tiravam o ouro e outros minérios e
levaram tudo embora para a metrópole. Já o agricultor preparava a terra,
plantava, esperava, colhia e armazenava. Era um processo mais demorado e vivenciado.
Este choque levou uns 30 anos, em confronto com os indígenas, com
costumes totalmente diferentes. Na África os seres humanos se tornaram
mercadoria de compra e venda, com aval da igreja. Os índios e negros eram
considerados “sem alma”. Portanto não eram cristãos, não eram gente.
Instituiu-se a monocultura, do açúcar, do café. Tudo estava assentado na
família patriarcal, com mão de ferro. Este “homem” podia dominar tudo. Tinha
filhos com a mulher branca, que eram considerados os “legítimos herdeiros”. Mas
teve também muitos filhos “ilegítimos” com as escravas e as índias.
Todo negócio é voltado para fora. Ainda hoje, o agronegócio é para
“fora”, para exportação. Vale também:, de mesa, de aconchego. A noção de
empresa tira a noção de Nação.
Pacto Colonial – (1500 – 1888) Esta estrutura durou trezentos anos. A
base social era rural. O urbano é insignificante.
Depois de 1700 entra fortemente a era do ouro.
Na Europa teve uma revolução de Sistema – Capitalismo. A Revolução
Industrial se fez com o Capital, dinheiro vindo das Colônias. Na própria Europa
teve uma revolta cultural, crise do Feudalismo, crise com a Igreja Católica,
“Caça às Bruxas”, Peste Bubônica. As mulheres lideravam o processo de mudança.
Lideravam o cultivo, o domínio das sementes, do plantio, das estações do ano. A
indústria que se instaura precisa de mão de obra perto. Começa a O bom é o que
vem de fora (importado). O povo brasileiro
tem outra dinâmica, precisa de encontro nascer os Sem Terra. As pessoas
só tinham a sua mão de obra, sua força de trabalho.
Em 1789 – Revolução Francesa. Encerra-se a Monarquia.
A República começa a nascer a partir de ideias liberais como:
Propriedade Privada de uma classe; Iluminismo – agora é a razão que dita as
normas; Prevalecem a razão, a Ciência, Estados Nacionais – Sai de cena a
Teologia e entra em cena a ciência. O liberalismo tem a ideia de que o capital,
o dinheiro não tem limite, não tem controle. Da onde vem a ideia de
honestidade? Vem do Feudalismo. O trabalhador trabalhava 3 dias na terra do
senhor feudal e dois dias na sua terra.
O Nióbio – metal presente nas turbinas dos aviões, nos celulares, nos
computadores, é encontrado essencialmente no cerrado, na Amazônia – nas terras
indígenas. O Brasil é uma máquina de guerra.
Em 1850 – A Lei das Terras no Brasil. O acesso à terra agora se dá via
compra. Não é mais a Coroa portuguesa que a concede. Nesta época também está em
andamento o processo de libertação dos escravos.
Em 1888 foi assinada a lei Áurea – libertação dos escravos.
Estamos nos preparando para entrar no século XX. Está começando a
urbanização. Surge a infraestrutura, estradas, estradas de ferro, ainda
liderado pelo capital inglês.
1870 – Emigração das Congregações Religiosas. Nesta época também vieram
os “sobrantes” as sobras humanas desta época. Nossos ancestrais eram dessa
massa sobrante. As Congregações Religiosas foram uma resposta diante da crise
humanitária.
A experiência do nosso povo é a penúria, a falta, a ausência de não ter
nenhuma retaguarda, de proteção do Estado.
Legados – Degradação do trabalho
manual.
- Todo esse povo é de 2ª classe. Casa popular é com material de 5ª.
- Estado violento – que não paga professor, oprime com polícia,
controla pela violência.
República Velha 1889 ------direito zero-----------------1930 ---------------------------Getulio
Vargas (fazendeiro gaúcho, positivista)
Avaliação por cima – Capital – Trabalho
Getulio entra com a ideia do Brasil Moderno, dos direitos, mas é
promessa pro futuro. Delfin Netto retomava esta ideia e dizia que precisava fazer
o bolo crescer para depois repartir.
Em 1932 – o voto continua proibido aos analfabetos. Em 1947 o voto se
tornou universal e obrigatório.
A CLT – Para quem tem Carteira de Trabalho Assinada, para quem tem
profissão reconhecidas. Corrida sem documentos – CADÚNICO
A Classe dominante (paulista) não quer o escravo que é “vadio”, daí
foram buscar emigrantes europeus para a indústria. Com eles também vieram
ideias, pois já tinham experiências de revoluções.
Vargas se incomodou com estes “anarquistas”. Moderno é para o homem
brasileiro (masculino).
Se criou a ideia de nacional – A Petrobrás é nossa. Promessa de futuro
– nosso povo ainda não chegou a convicção de que precisa mudar o Sistema.
Começou-se a preparar, capacitar o trabalhador- SENAI, SENAC ...
1ª e 2ª Guerra Mundial – No mundo precisa força militar, controlar a
moeda e a inovação tecnológica. Estados Unidos se destacaram e saíram na
frente. A América Latina é dos americanos. Os americanos não perderam nada com
a guerra, não foram destruídos.
Taylor – Ford (Fordismo). Produção e consumo de Massas. Estão em Guerra
Fria com a União Soviética. Inventaram o Marketing, criaram novas necessidades.
Surge a geladeira, eletrodomésticos .
De 1930 até 1955 – Getúlio
De 1930
-----------------------------------------------------1980/90
Família rural, família grande, católica, estava em sintonia com Vargas.
Vale o sacrifício.
Não houve infraestrutura na cidade. As pessoas tinham que fazer tudo. O
Estado fez muito pouco. Quem fez foi o povo. Houveram muitas lutas. São anos
muito conflituosos.
1960 – Surge a Teologia da Libertação; Alfabetização com Paulo Freire;
UNE; CNBB.
FUNRURAL – Aposentadoria de meio salário mínimo para os homens.
Reformas de Base – Reforma Agrária.
Todos estes avanços são freados com a Ditadura Militar. Em 1964 a
classe dominante com o grande Capital – FORD demite todos os solteiros. Quer só
homens casados que vão para casa, comer a comida que a mulher fez e que fique
em casa curtindo a família, a casa.
A ideia de Comunismo – Bem Comum, se combate até hoje. A Igreja
Católica contribuiu muito para isso. Aumentou a violência contra os negros e
todas as religiões de matriz africana. Tudo foi colocado no pacote do
capitalismo.
Hoje estão no mesmo pacote – Mídia, Judiciário, FIESP, os Patos amarelos
...
A Europa teve que ceder aos operários. ESTADO DO Bem Estar Social.
Vigiaram muito.
Em 1968 com o AI5 – Pacote do Fundo de Garantia, mas perdemos a
estabilidade de emprego e congelamento dos salários. Pauta de lutas e reuniões:
Ter banheiro nas fábricas. Era motivo de greves.
A industrialização veio para a América Latina, promovendo Ditaduras
Militares.
De 1962 a 1965 – Concílio Vaticano II, que mexeu, sacudiu a Igreja e o
mundo. Maio de 1968 – Surge a pílula anticoncepcional, Rock, maconha ...
Os liberais haviam se recolhido um pouco, se refugiaram nas suas
Universidades. Em 1968 os liberais saíram da sua hibernação e misturaram-se na
onda libertária. Mas a sua liberdade é o Mercado. Mas querem se libertar dos
direitos amarrados dos Estados Unidos, mas vão entrando na Europa – Margaret
Tacher, Ronald Reagan que escancaram os Bancos para o Mercado. Tacher acaba com
a mineração para acabar com os Sindicatos.
No Brasil estamos em efervescência – CUT, PT ... Anos 1980 – 1988
Constituição Cidadã. Eleições Diretas Universais, Conselhos, ideias de
desenvolvimento, desigualdade social...
COLLOR – 1ª onda Neoliberal. O tempo todo negou a luta de classes.
Fukuyama – “Fim da História”.
Os governos de Lula, do PT, não atacaram a ideologia neoliberal. Na
ideologia neoliberal vigora o mérito, a
competência, o indivíduo. Não tem espaço para o coletivo, comunitário. Tempo é dinheiro. Tempo
colonizado, estamos em tempo on-line.
Tudo isso gera um ser humano doente, depressivo. Por isso o Mercado nos
oferece “remédio”.
Solução para as massas: Trabalho em condições desumanas; Encarceramento
– 3º maior do mundo; Cemitério – matança.
Temos dilemas severos para enfrentar- LUTA DE CLASSES.
Precisamos Organização, Formação, Luta – Precisamos de estratégia de
NAÇÃO.
Precisamos fazer um balanço histórico de nossos acertos e erros. Isso
requer trabalho de Base.
De noite o
grupo assistiu o Vídeo sobre o Encontro Nacional das CEBs.
Dia
01/09/2018
Iniciamos o
nosso dia celebrando o Deus da Vida com a oração da manhã.
Recebemos a
comunicação por e-mail ainda enviada na noite anterior pelo João Pedro Stedile
comunicando que perdeu o vôo. Portanto, não estará conosco. Levamos um susto,
mas como tivemos a presença do nosso grande irmão Frei Sergio Goegen, ele
partilhou com o grupo sua experiência da greve de fome e seus conhecimentos e
traquejo político.
Vivemos uma
crise sem precedentes. O petróleo é a máquina que move o mundo. A Venezuela tem
a maior reserva de petróleo do mundo.
Estamos
vivendo uma crise civilizatória e uma crise ética. O Cristo da fé pode ser
manipulado, mas o Jesus Cristo histórico não.
Vivemos
numa época armada. A crise econômica, a crise civilizatória, a crise ética e a
crise da Democracia atestam isso. Negando tudo isso vem-se com a onda falsa do
nacionalismo, do verde e amarelo.
Os três
grandes projetos que estão em questão nestas eleições:
Projeto
Popular - defendido por:
·
Guilherme Boulos – PSOL
·
Ciro Gomes – PDT
·
Fernando Haddad/Lula – Frente Brasil Popular;
Projeto
Neoliberal – (do Estado Mínimo) defendido por:
·
Geraldo Alkmin – PSDB
·
Álvaro Dias – PODEMOS
·
Marina da Silva – Solidariedade
·
Henrique Meireles – MDB
Projeto Fascista – defendido
por:
·
João Amoêdo – Novo
·
Jair Bolsonaro – PSL
·
Cabo Daciolo – Patriota.
Temos hoje 150 mil presos. Perdemos o senso de
humanidade.
Prioridade
principal – Educação, saúde, e distribuição de renda. Defesa dos bens nacionais; Processo de
transição ecológica; Geração de emprego; Democracia; Reforma Agrária/
Agricultura familiar. Descriminalização da maconha seria o mal menor.
O Projeto
Popular ignorou o enorme trabalho popular, construído há tempo.
Pensam que
atingindo o PT, acabariam com as forças populares. O MST é uma força de
organização fantástica. As Mídias sociais fazem a informação chegar.
Lula terá
capacidade de transferir os votos para Haddad? A burocracia partidária é muito
forte. Só a burocracia da Igreja é mais forte.
Na parte da
tarde esteve conosco para assessoria o Frei Wilson Dallagnol, abordando o Tema: “Nossa Missão Profética diante desta
conjuntura”.
Como
compreendemos a VRC neste cenário? Precisamos identificar os inimigos do povo.
O analfabeto
político é o pior analfabeto. Ele não sabe o custo do feijão, do custo de vida.
Ele não sabe que da sua ignorância nasce a prostituta, a política pilantra.
Pontuações
da conjuntura abordada do dia anterior:
A VRI já
começou a ver a Igreja a partir do pobre, a partir da Inserção. Somos a Igreja
dos pobres.
Construção
histórica do Brasil – O Brasil sempre foi visto como empresa, tudo para fora.
Quem manda no mundo?
“Ou me
decifras, ou te devoro”. “Todo ponto de vista, é a vista de um ponto”.
Frei Wilson
orientou, encaminhou o trabalho de grupo a partir das 5 confissões do Projeto de Jeremias.
Jr
11,18-23; Jr 15,10-21; Jr 17,14-18; Jr 18,18-23; Jr 20,7-18
O que o
texto nos ilumina no contexto atual? Quem são os inimigos do profeta? E hoje,
quem são os inimigos do povo, do Reino de Deus? A Palavra de Deus não pode ser
lida no passado.
Jr 11,18-23
O profeta toma consciência de que eles estão tramando.
Jr 15,10-21
Nós povo nos acomodamos; Colocar nos com atitude de indignação.
Jr 17,14-18
Jeremias faz uma súplica a Deus. Confiança inabalável a Javé. Que sejam
destruídos todos; Estamos rodeados de inimigos.
Jr 18,18-23
Sistema de Mercado sob guarda chuva dos Estados Unidos. Mídia/MCS; Difamar
Jeremias. Escamoteá-lo. Ficar indiferente, não ouvi-lo. Calar a boca das
lideranças populares.
Jr
20,7-18 Onde tem profeta, são motivo de
perseguição, de calúnia. “Para que nossos povos tenham vida”; VRC em saída;
Papa Francisco – dia mundial dos pobres; Porque os pentecostais querem tantos
deputados?
Dia
02/09/2018
Ir. Maria
Helena coordenou os trabalhos e
encaminhou o grupo para o momento de oração.
O Ir. Paulo
Cerioli fez uma leitura da conjuntura eleitoral do Estado. Este ano precisamos
eleger um Deputado Estadual, um Deputado Federal, dois senadores, um Governador
e um Presidente da República.
Precisamos
fortalecer a Escola Ètica e Cidadania como também ativar grupos de Fé e
Política.
Podemos
acessar as Mídias alternativas, como: Brasil 247, Brasil de Fato, IHU, Carta
Capital, Conversa Afiada, DCM – Diário do Centro do Mundo.
Como vamos
dar continuidade ao nosso grupo?
Ir Clarice
T. Heck comunicou que não pode continuar na coordenação por limitações de
saúde.
O gupo
percebeu que podemos pensar em somar forças em vez de multiplicar encontros. Os
encontros de formação, estudo e reflexão podem acontecer conjuntamente com a
Rede um Grito pela Vida e o JPIC = Justiça, Paz e Integridade da Criação.
Também será
marcada uma reunião conjunta entre o JPIC, VRI e Solidária, Rede Um Grito pela
Vida com a nova coordenação da CRB.
Foi lida a
carta elaborada por um grupo a ser publicada em nome do Seminário da Vida
Religiosa Inserida e Solidária a qual foi complementada e aprovada.
Secretária do encontro - Ir. Clarice Teresinha Heck
Nenhum comentário:
Postar um comentário