domingo, 31 de março de 2019

Relatório do Seminário da Vida Religiosa Inserida e Solidária


Realizado de 31/08 a 02/09 – 2018
Na Casa de Oração Santa Cruz – Bairro Glória – POA
Com muita alegria e entusiasmo iniciamos nosso Seminário, acolhendo-nos mutuamente. Animadas e fortalecidas pelo nosso Deus que caminha com o seu povo, vê suas dores, seus sofrimentos e perseguição, ouve seu clamor e desce para libertá-los. A oração inicial nos reportou para a vida, a luta do povo das nossas comunidades. Fortalecidas pela Palavra de Deus, caminhamos com esperança e convicção de que Deus levantará sua mão para libertar os pobres, que estão perdendo seus direitos e sua dignidade.
Eliane de Moura Martins refletiu com o grupo sobre a nossa história, sobre a formação do nosso Brasil. Como se deu a construção do Capitalismo no Brasil: Brasil Colônia, Século XX – 1945 Era  Vargas..
Partimos de palavras que refletem perspectivas, angústias, possibilidade. Apareceram as seguintes: Insegurança, medo, impotência diante do futuro, violência, fome, direitos,  Políticas Públicas, Mentira, indiferença, pobreza crescente,  intolerância, fenômeno Bolsonaro,  depressão, falta de educação, alienação.
É importante considerar dois pontos históricos:
- 1930 – Ideia de promessa de inclusão das grandes massas populares em sociedade salarial/ Getulio Vargas, com direitos.
-1980-90 com Fernando Henrique Cardoso (FHC) “Esqueçam o Getulio Vargas, vamos entrar na modernidade “on line” – tecnologia”.
Nós não nascemos num país, mas numa empresa. Em 1500 o mundo é dirigido pela Igreja Católica e as monarquias. Havia imobilidade social. Os ricos, os nobres eram os abençoados por Deus. Os outros eram não abençoados. Os portugueses que vieram eram na maioria agricultores e mineradores. Os mineradores vieram para colher, explorar. Tiravam o ouro e outros minérios e levaram tudo embora para a metrópole. Já o agricultor preparava a terra, plantava, esperava, colhia e armazenava. Era um processo mais demorado e vivenciado.
Este choque levou uns 30 anos, em confronto com os indígenas, com costumes totalmente diferentes. Na África os seres humanos se tornaram mercadoria de compra e venda, com aval da igreja. Os índios e negros eram considerados “sem alma”. Portanto não eram cristãos, não eram gente. Instituiu-se a monocultura, do açúcar, do café. Tudo estava assentado na família patriarcal, com mão de ferro. Este “homem” podia dominar tudo. Tinha filhos com a mulher branca, que eram considerados os “legítimos herdeiros”. Mas teve também muitos filhos “ilegítimos” com as escravas e as índias.
Todo negócio é voltado para fora. Ainda hoje, o agronegócio é para “fora”, para exportação. Vale também:, de mesa, de aconchego. A noção de empresa tira a noção de Nação.
Pacto Colonial – (1500 – 1888) Esta estrutura durou trezentos anos. A base social era rural. O urbano é insignificante.
Depois de 1700 entra fortemente a era do ouro.
Na Europa teve uma revolução de Sistema – Capitalismo. A Revolução Industrial se fez com o Capital, dinheiro vindo das Colônias. Na própria Europa teve uma revolta cultural, crise do Feudalismo, crise com a Igreja Católica, “Caça às Bruxas”, Peste Bubônica. As mulheres lideravam o processo de mudança. Lideravam o cultivo, o domínio das sementes, do plantio, das estações do ano. A indústria que se instaura precisa de mão de obra perto. Começa a O bom é o que vem de fora (importado). O povo brasileiro  tem outra dinâmica, precisa de encontro nascer os Sem Terra. As pessoas só tinham a sua mão de obra, sua força de trabalho.
Em 1789 – Revolução Francesa. Encerra-se a Monarquia.
A República começa a nascer a partir de ideias liberais como: Propriedade Privada de uma classe; Iluminismo – agora é a razão que dita as normas; Prevalecem a razão, a Ciência, Estados Nacionais – Sai de cena a Teologia e entra em cena a ciência. O liberalismo tem a ideia de que o capital, o dinheiro não tem limite, não tem controle. Da onde vem a ideia de honestidade? Vem do Feudalismo. O trabalhador trabalhava 3 dias na terra do senhor feudal e dois dias na sua terra.
O Nióbio – metal presente nas turbinas dos aviões, nos celulares, nos computadores, é encontrado essencialmente no cerrado, na Amazônia – nas terras indígenas. O Brasil é uma máquina de guerra.
Em 1850 – A Lei das Terras no Brasil. O acesso à terra agora se dá via compra. Não é mais a Coroa portuguesa que a concede. Nesta época também está em andamento o processo de libertação dos escravos.
Em 1888 foi assinada a lei Áurea – libertação dos escravos.
Estamos nos preparando para entrar no século XX. Está começando a urbanização. Surge a infraestrutura, estradas, estradas de ferro, ainda liderado pelo capital inglês.
1870 – Emigração das Congregações Religiosas. Nesta época também vieram os “sobrantes” as sobras humanas desta época. Nossos ancestrais eram dessa massa sobrante. As Congregações Religiosas foram uma resposta diante da crise humanitária.
A experiência do nosso povo é a penúria, a falta, a ausência de não ter nenhuma retaguarda, de proteção do Estado.
 Legados – Degradação do trabalho manual.
- Todo esse povo é de 2ª classe. Casa popular é com material de 5ª.
- Estado violento – que não paga professor, oprime com polícia, controla pela violência.
República Velha 1889 ------direito zero-----------------1930 ---------------------------Getulio Vargas (fazendeiro gaúcho, positivista)
Avaliação por cima – Capital – Trabalho
Getulio entra com a ideia do Brasil Moderno, dos direitos, mas é promessa pro futuro. Delfin Netto retomava esta ideia e dizia que precisava fazer o bolo crescer para depois repartir.
Em 1932 – o voto continua proibido aos analfabetos. Em 1947 o voto se tornou universal e obrigatório.
A CLT – Para quem tem Carteira de Trabalho Assinada, para quem tem profissão reconhecidas. Corrida sem documentos – CADÚNICO
A Classe dominante (paulista) não quer o escravo que é “vadio”, daí foram buscar emigrantes europeus para a indústria. Com eles também vieram ideias, pois já tinham experiências de revoluções.
Vargas se incomodou com estes “anarquistas”. Moderno é para o homem brasileiro (masculino).
Se criou a ideia de nacional – A Petrobrás é nossa. Promessa de futuro – nosso povo ainda não chegou a convicção de que precisa mudar o Sistema.
Começou-se a preparar, capacitar o trabalhador- SENAI, SENAC ...
1ª e 2ª Guerra Mundial – No mundo precisa força militar, controlar a moeda e a inovação tecnológica. Estados Unidos se destacaram e saíram na frente. A América Latina é dos americanos. Os americanos não perderam nada com a guerra, não foram destruídos.
Taylor – Ford (Fordismo). Produção e consumo de Massas. Estão em Guerra Fria com a União Soviética. Inventaram o Marketing, criaram novas necessidades. Surge a geladeira, eletrodomésticos .
De 1930 até 1955 – Getúlio
De 1930  -----------------------------------------------------1980/90
Família rural, família grande, católica, estava em sintonia com Vargas. Vale o sacrifício.
Não houve infraestrutura na cidade. As pessoas tinham que fazer tudo. O Estado fez muito pouco. Quem fez foi o povo. Houveram muitas lutas. São anos muito conflituosos.
1960 – Surge a Teologia da Libertação; Alfabetização com Paulo Freire; UNE; CNBB.
FUNRURAL – Aposentadoria de meio salário mínimo para os homens. Reformas de Base – Reforma Agrária.
Todos estes avanços são freados com a Ditadura Militar. Em 1964 a classe dominante com o grande Capital – FORD demite todos os solteiros. Quer só homens casados que vão para casa, comer a comida que a mulher fez e que fique em casa curtindo a família, a casa.
A ideia de Comunismo – Bem Comum, se combate até hoje. A Igreja Católica contribuiu muito para isso. Aumentou a violência contra os negros e todas as religiões de matriz africana. Tudo foi colocado no pacote do capitalismo.
Hoje estão no mesmo pacote – Mídia, Judiciário, FIESP, os Patos amarelos ...
A Europa teve que ceder aos operários. ESTADO DO Bem Estar Social. Vigiaram muito.
Em 1968 com o AI5 – Pacote do Fundo de Garantia, mas perdemos a estabilidade de emprego e congelamento dos salários. Pauta de lutas e reuniões: Ter banheiro nas fábricas. Era motivo de greves.
A industrialização veio para a América Latina, promovendo Ditaduras Militares.
De 1962 a 1965 – Concílio Vaticano II, que mexeu, sacudiu a Igreja e o mundo. Maio de 1968 – Surge a pílula anticoncepcional, Rock, maconha ...
Os liberais haviam se recolhido um pouco, se refugiaram nas suas Universidades. Em 1968 os liberais saíram da sua hibernação e misturaram-se na onda libertária. Mas a sua liberdade é o Mercado. Mas querem se libertar dos direitos amarrados dos Estados Unidos, mas vão entrando na Europa – Margaret Tacher, Ronald Reagan que escancaram os Bancos para o Mercado. Tacher acaba com a mineração para acabar com os Sindicatos.
No Brasil estamos em efervescência – CUT, PT ... Anos 1980 – 1988 Constituição Cidadã. Eleições Diretas Universais, Conselhos, ideias de desenvolvimento, desigualdade social...
COLLOR – 1ª onda Neoliberal. O tempo todo negou a luta de classes. Fukuyama – “Fim da História”.
Os governos de Lula, do PT, não atacaram a ideologia neoliberal. Na ideologia neoliberal  vigora o mérito, a competência, o indivíduo. Não tem espaço para o coletivo,  comunitário. Tempo é dinheiro. Tempo colonizado, estamos em tempo on-line.
Tudo isso gera um ser humano doente, depressivo. Por isso o Mercado nos oferece “remédio”.
Solução para as massas: Trabalho em condições desumanas; Encarceramento – 3º maior do mundo; Cemitério – matança.
Temos dilemas severos para enfrentar- LUTA DE CLASSES.
Precisamos Organização, Formação, Luta – Precisamos de estratégia de NAÇÃO.
Precisamos fazer um balanço histórico de nossos acertos e erros. Isso requer trabalho de Base.
De noite o grupo assistiu o Vídeo sobre o Encontro Nacional das CEBs.
Dia 01/09/2018
Iniciamos o nosso dia celebrando o Deus da Vida com a oração da manhã.
Recebemos a comunicação por e-mail ainda enviada na noite anterior pelo João Pedro Stedile comunicando que perdeu o vôo. Portanto, não estará conosco. Levamos um susto, mas como tivemos a presença do nosso grande irmão Frei Sergio Goegen, ele partilhou com o grupo sua experiência da greve de fome e seus conhecimentos e traquejo político.
Vivemos uma crise sem precedentes. O petróleo é a máquina que move o mundo. A Venezuela tem a maior reserva de petróleo do mundo.
Estamos vivendo uma crise civilizatória e uma crise ética. O Cristo da fé pode ser manipulado, mas o Jesus Cristo histórico não.
Vivemos numa época armada. A crise econômica, a crise civilizatória, a crise ética e a crise da Democracia atestam isso. Negando tudo isso vem-se com a onda falsa do nacionalismo, do verde e amarelo.
Os três grandes projetos que estão em questão nestas eleições:
Projeto Popular - defendido por:
·        Guilherme Boulos – PSOL
·        Ciro Gomes – PDT
·        Fernando Haddad/Lula – Frente Brasil Popular;

Projeto Neoliberal – (do Estado Mínimo) defendido por:
·        Geraldo Alkmin – PSDB
·        Álvaro Dias – PODEMOS
·        Marina da Silva – Solidariedade
·        Henrique Meireles – MDB
Projeto Fascista – defendido por:
·        João Amoêdo – Novo
·        Jair Bolsonaro – PSL
·        Cabo Daciolo – Patriota.
Temos hoje  150 mil presos. Perdemos o senso de humanidade.
Prioridade principal – Educação, saúde, e distribuição de renda.  Defesa dos bens nacionais; Processo de transição ecológica; Geração de emprego; Democracia; Reforma Agrária/ Agricultura familiar. Descriminalização da maconha seria o mal menor.
O Projeto Popular ignorou o enorme trabalho popular, construído há tempo.
Pensam que atingindo o PT, acabariam com as forças populares. O MST é uma força de organização fantástica. As Mídias sociais fazem a informação chegar.
Lula terá capacidade de transferir os votos para Haddad? A burocracia partidária é muito forte. Só a burocracia da Igreja é mais forte.

Na parte da tarde esteve conosco para assessoria o Frei Wilson Dallagnol, abordando o Tema: “Nossa Missão Profética diante desta conjuntura”.
Como compreendemos a VRC neste cenário? Precisamos identificar os inimigos do povo.
O analfabeto político é o pior analfabeto. Ele não sabe o custo do feijão, do custo de vida. Ele não sabe que da sua ignorância nasce a prostituta, a política pilantra.
Pontuações da conjuntura abordada do dia anterior:
A VRI já começou a ver a Igreja a partir do pobre, a partir da Inserção. Somos a Igreja dos pobres.
Construção histórica do Brasil – O Brasil sempre foi visto como empresa, tudo para fora. Quem manda no mundo?
“Ou me decifras, ou te devoro”. “Todo ponto de vista, é a vista de um ponto”.
Frei Wilson orientou, encaminhou o trabalho de grupo a partir  das 5 confissões do Projeto de Jeremias.
Jr 11,18-23; Jr 15,10-21; Jr 17,14-18; Jr 18,18-23; Jr 20,7-18
O que o texto nos ilumina no contexto atual? Quem são os inimigos do profeta? E hoje, quem são os inimigos do povo, do Reino de Deus? A Palavra de Deus não pode ser lida no passado.
Jr 11,18-23 O profeta toma consciência de que eles estão tramando.
Jr 15,10-21 Nós povo nos acomodamos; Colocar nos com atitude de indignação.
Jr 17,14-18 Jeremias faz uma súplica a Deus. Confiança inabalável a Javé. Que sejam destruídos todos; Estamos rodeados de inimigos.
Jr 18,18-23 Sistema de Mercado sob guarda chuva dos Estados Unidos. Mídia/MCS; Difamar Jeremias. Escamoteá-lo. Ficar indiferente, não ouvi-lo. Calar a boca das lideranças populares.
Jr 20,7-18  Onde tem profeta, são motivo de perseguição, de calúnia. “Para que nossos povos tenham vida”; VRC em saída; Papa Francisco – dia mundial dos pobres; Porque os pentecostais querem tantos deputados?

Dia 02/09/2018
Ir. Maria Helena coordenou os trabalhos  e encaminhou o grupo para o momento de oração.
O Ir. Paulo Cerioli fez uma leitura da conjuntura eleitoral do Estado. Este ano precisamos eleger um Deputado Estadual, um Deputado Federal, dois senadores, um Governador e um Presidente da República.
Precisamos fortalecer a Escola Ètica e Cidadania como também ativar grupos de Fé e Política.
Podemos acessar as Mídias alternativas, como: Brasil 247, Brasil de Fato, IHU, Carta Capital, Conversa Afiada, DCM – Diário do Centro do Mundo.
Como vamos dar continuidade ao nosso grupo?
Ir Clarice T. Heck comunicou que não pode continuar na coordenação por limitações de saúde.
O gupo percebeu que podemos pensar em somar forças em vez de multiplicar encontros. Os encontros de formação, estudo e reflexão podem acontecer conjuntamente com a Rede um Grito pela Vida e o JPIC = Justiça, Paz e Integridade da Criação.
Também será marcada uma reunião conjunta entre o JPIC, VRI e Solidária, Rede Um Grito pela Vida com a nova coordenação da CRB.
Foi lida a carta elaborada por um grupo a ser publicada em nome do Seminário da Vida Religiosa Inserida e Solidária a qual foi complementada e aprovada.

Secretária do encontro - Ir. Clarice Teresinha Heck

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