A
escandalosa organização da rede criminosa do trafico de pessoas para fins de
exploração sexual, trabalho escravo, comercio de órgãos, adoção ilegal ou
práticas similares, revela a idolatria do sistema capitalista, que na arte de
explorar, escravizar e mercantilizar tudo e todos em função do lucro, sacrificam
vidas inocentes no altar da ganancia.
São milhares de crianças, adolescentes, mulheres e homens, vítimas desta
abominável prática que levam no corpo e
na alma, duros golpes e profundas
cicatrizes físicas, psicológicas e morais.
(1)31 de março, 2013, homilia da Páscoa
(2)MARINUCI,Roberto. Trafico de pessoas e trabalho Escravo. II Seminário Nacional: 2012. Brasília-DF. Ed. CNBB p 11
Embora os dados disponíveis sejam um tanto
imprecisos, as cifras divulgadas sobre esta prática hedionda
são alarmantes. Colocam o trafico
de pessoas entre as três fontes ilícitas mais rentáveis da economia mundial:
gente, drogas e armas, movimentando exorbitantes quantidades de dinheiro e
utilizando de formas sofisticadas de exploração e violência.
Para a
Organização das Nações Unidas (ONU), o número de pessoas traficadas no planeta
atinge a casa dos quatro milhões anuais. E o Brasil é um dos países campeões no
mundo em relação ao fornecimento de pessoas, particularmente mulheres para o tráfico
internacional. Estima-se que 700 mil mulheres e crianças passam todos os anos pelas
fronteiras internacionais do tráfico humano. É o País responsável por 15% das pessoas
exportadas da América Latina para a Europa.
O Brasil é, portanto uma nação de origem, transito e
destino do tráfico de pessoas. Além de fornecedor das vítimas para o trafico
internacional, abriga em seu solo, uma infinidade de rotas e práticas de trafico interno, tanto de exploração
sexual, como de trabalho escravo rural e urbano. O mapa deste comércio tem
sempre uma constante: as pessoas traficadas são na sua grande maioria
provenientes de regiões pobres e levadas para as regiões ricas, seduzidas por
falsas promessas, que lhes fazem acreditar na possibilidade de sair das
situações de pobreza e vulnerabilidades
e têm os seus sonhos transformados em pesadelos.
Esta realidade-clamor constitui uma
grave e inaceitável violação dos direitos humanos. Um atentado à dignidade e
integridade das pessoas. Na afirmação do Papa Francisco: o tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha
para nossas sociedades que afirmam serem civilizadas. A escravatura mais extensa neste século vinte e um.(1)Esta realidade se impõe como um grito, um apelo, uma provocação à indignação e
a profecia para a igreja e a sociedade.
A Rede “Um
Grito pela Vida” é Intercongregacional.
Constituída por aproximadamente 150 religiosas/os de diversas Regionais
e Congregações. Um espaço de articulação e ação profético-solidária da Vida Religiosa Consagrada do Brasil. É parte
constitutiva da CRB Nacional Conferencia dos Religiosos do Brasil, atua de
forma descentralizada e articulada com as organizações e iniciativas afins, nas
diversas localidades, Estados e Municípios. Integra a Talitha kum – Rede
internacional da Vida Religiosa Consagrada.
As religiosas/os que integram a Rede
“Um grito pela Vida” atuam nas diversas regiões do país, articuladas em mais de
vinte núcleos, integradas com as organizações eclesiais e civis, fomentando,
promovendo e/ou participando de atividades e processos de prevenção e
assistência e intervenção política,
buscando instruir e instrumentalizar a
sociedade a fim de coibir o crescimento da inserção de vítimas neste mercado do
crime.
ENFRENTAR O TRÁFCIO DE
PESSOAS É NOSSO COMPROMISSO
Para marcar este dia 23 de setembro – dia Internacional
contra a Exploração Sexual e o Tráfico de pessoas, os núcleos da Rede “Um grito
pela Vida”, em parceria com as organizações da sociedade e civil e
governamentais realizam ações de sensibilização, prevenção e mobilização social
e politica de enfrentamento ao trafico de pessoas, nos vários estados e
municípios da federação onde estão presentes.
São atividades diversas: acampamentos nas
praças, blitz informativa, caminhadas, oficinas e encontros formativos,
coletivas de imprensas, cine-fóruns, debates... com o objetivo de dar visibilidade e denunciar esta realidade-desafio que apesar de
ser gravíssima e muito presente, ainda permanece oculta, protegida
e sustentada pelo silencio social e a ineficiência na efetividade das
politicas públicas, das redes de proteção
e das leis de enfrentamento a este crime.
A
erradicação desta triste realidade é compromisso de
todas/os nós, que acreditamos na possibilidade de um “outro mundo
possível”, em uma sociedade pautada no direito, na justiça social e na
superação de toda forma de violência, exclusão e tráfico.
Este compromisso
“...não pode e nem deve ser uma luta em prol de algumas vítimas desafortunadas
do egoísmo humano, mas sim o ponto de partida para repensar as prioridades que
orientam a humanidade, para redirecionar
o caminho do desenvolvimento econômico, para recolocar no centro da vida de
cada pessoa a utopia da fraternidade universal, com progressiva eliminação de
todos os ídolos que exigem sacrifícios humanos”(2)
Nesta
perspectiva, na esperança de seguirmos tecendo os fios da solidariedade na defesa
da vida das pessoas traficadas e ampliarmos, de forma efetiva, a otimização e
articulação de nossos esforços e iniciativas, em prol de uma sociedade sem
tráfico de pessoas.
Contamos com
vocês, junte-se a nós! Informe-se, participe desta luta! Vamos dar um basta a esta
realidade que desumaniza e envergonha nossa humanidade!
Denuncie o trafico de Pessoas –
disque 100 ou 180.
Ir. Eurides
Alves de Oliveira, ICM
Coord. Rede
Um Grito pela Vida.
gritopelavida.blogspot.com
(1)31 de março, 2013, homilia da Páscoa
(2)MARINUCI,Roberto. Trafico de pessoas e trabalho Escravo. II Seminário Nacional: 2012. Brasília-DF. Ed. CNBB p 11
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