segunda-feira, 23 de setembro de 2013

23 DE SETEMBRO: DIA INTERNACIONAL CONTRAEXPLORAÇÃO SEXUAL E O TRÁFICO DE PESSOAS

        
     A escandalosa organização da rede criminosa do trafico de pessoas para fins de exploração sexual, trabalho escravo, comercio de órgãos, adoção ilegal ou práticas similares, revela a idolatria do sistema capitalista, que na arte de explorar, escravizar e mercantilizar tudo e todos em função do lucro, sacrificam vidas inocentes  no altar da ganancia. São milhares de crianças, adolescentes, mulheres e homens, vítimas desta abominável prática que  levam no corpo e na alma, duros golpes  e profundas cicatrizes físicas, psicológicas e morais.

            Embora os dados disponíveis sejam um tanto imprecisos, as cifras divulgadas sobre esta prática  hedionda  são alarmantes.  Colocam o trafico de pessoas entre as três fontes ilícitas mais rentáveis da economia mundial: gente, drogas e armas, movimentando exorbitantes quantidades de dinheiro e utilizando de formas sofisticadas de exploração e violência.

            Para a Organização das Nações Unidas (ONU), o número de pessoas traficadas no planeta atinge a casa dos quatro milhões anuais. E o Brasil é um dos países campeões no mundo em relação ao fornecimento de pessoas, particularmente mulheres para o tráfico internacional. Estima-se que 700 mil mulheres e crianças passam todos os anos pelas fronteiras internacionais do tráfico humano.  É o País responsável por 15% das pessoas exportadas da América Latina para a Europa.

             O Brasil  é, portanto uma nação de origem, transito e destino do tráfico de pessoas. Além de fornecedor das vítimas para o trafico internacional, abriga em seu solo, uma infinidade de rotas e práticas  de trafico interno, tanto de exploração sexual, como de trabalho escravo rural e urbano. O mapa deste comércio tem sempre uma constante: as pessoas traficadas são na sua grande maioria provenientes de regiões pobres e levadas para as regiões ricas, seduzidas por falsas promessas, que lhes fazem acreditar na possibilidade de sair das situações de pobreza e vulnerabilidades  e têm os seus sonhos transformados em pesadelos.

          Esta realidade-clamor constitui uma grave e inaceitável violação dos direitos humanos. Um atentado à dignidade e integridade das pessoas. Na afirmação do Papa Francisco: o tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para nossas sociedades que afirmam serem civilizadas. A escravatura mais extensa neste século vinte e um.(1)Esta realidade se impõe como um grito, um apelo, uma provocação à indignação e a  profecia para a igreja e a sociedade.

           A Rede “Um Grito pela Vida” é Intercongregacional.  Constituída por aproximadamente 150 religiosas/os de diversas Regionais e Congregações. Um espaço de articulação e ação profético-solidária  da Vida Religiosa Consagrada do Brasil. É parte constitutiva da CRB Nacional Conferencia dos Religiosos do Brasil, atua de forma descentralizada e articulada com as organizações e iniciativas afins, nas diversas localidades, Estados e Municípios. Integra a Talitha kum – Rede internacional da Vida Religiosa Consagrada.

            As religiosas/os que integram a Rede “Um grito pela Vida” atuam nas diversas regiões do país, articuladas em mais de vinte núcleos, integradas com as organizações eclesiais e civis, fomentando, promovendo e/ou participando de atividades e processos de prevenção e assistência e  intervenção política, buscando instruir e  instrumentalizar a sociedade a fim de coibir o crescimento da inserção de vítimas neste mercado do crime.

ENFRENTAR O TRÁFCIO DE PESSOAS É NOSSO COMPROMISSO

             Para marcar este dia 23 de setembro – dia Internacional contra a Exploração Sexual e o Tráfico de pessoas, os núcleos da Rede “Um grito pela Vida”, em parceria com as organizações da sociedade e civil e governamentais realizam ações de  sensibilização, prevenção e mobilização social e politica de enfrentamento ao trafico de pessoas, nos vários estados e municípios da federação onde estão presentes.  

              São atividades diversas: acampamentos nas praças, blitz informativa, caminhadas, oficinas e encontros formativos, coletivas de imprensas, cine-fóruns, debates... com o objetivo  de dar visibilidade e denunciar esta realidade-desafio que apesar de ser gravíssima e muito presente, ainda permanece oculta,  protegida  e sustentada pelo silencio social e a ineficiência na efetividade das politicas públicas, das redes de proteção  e das leis de enfrentamento a este crime.

            A erradicação desta triste realidade é  compromisso de  todas/os nós, que acreditamos na possibilidade de um “outro mundo possível”, em uma sociedade pautada no direito, na justiça social e na superação de toda forma de violência, exclusão e tráfico.

 Este compromisso “...não pode e nem deve ser uma luta em prol de algumas vítimas desafortunadas do egoísmo humano, mas sim o ponto de partida para repensar as prioridades que orientam  a humanidade, para redirecionar o caminho do desenvolvimento econômico, para recolocar no centro da vida de cada pessoa a utopia da fraternidade universal, com progressiva eliminação de todos os ídolos que exigem sacrifícios humanos”(2)
Nesta perspectiva, na esperança de seguirmos tecendo os fios da solidariedade na defesa da vida das pessoas traficadas e ampliarmos, de forma efetiva, a otimização e articulação de nossos esforços e iniciativas, em prol de uma sociedade sem tráfico de pessoas.

           Contamos com vocês, junte-se a nós! Informe-se, participe desta luta! Vamos dar um basta a esta realidade que desumaniza e envergonha nossa humanidade!

           Denuncie o trafico de Pessoas – disque 100 ou 180.

        

Ir. Eurides Alves de Oliveira, ICM

Coord. Rede Um Grito pela Vida.

gritopelavida.blogspot.com


 

 

         

(1)31 de março, 2013, homilia da Páscoa
(2)MARINUCI,Roberto. Trafico de pessoas e trabalho Escravo. II Seminário Nacional: 2012. Brasília-DF. Ed. CNBB p 11

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