quinta-feira, 19 de setembro de 2013

VRI e Solidária à luz do Vaticano II: Conquistas e Desafios.


RELATÓRIO DO Seminário Estadual DA VRI E SOLIDÁRIA

Data: 09 a 11 de agosto de 2013  / Local: CAJU – POA


Assessor: Frei Flávio Guerra

O Seminário contou com a participação de 53 participantes de 15 congregações, cujos representantes são oriundos dos diversos municípios do Estado – RS.

Após um momento de acolhida, de “Boas Vindas”, iniciamos nosso encontro em nome da Trindade e invocamos as luzes do Espírito Santo para o nosso Seminário. Em seguida cada  participante se apresentou dizendo seu nome, sua congregação e o nome do município onde exerce a sua Missão.

Como o Nosso Tema era o Vaticano II, resolvemos fazer uma partilha para recordar como era a Igreja e as congregações antes, pois as mais jovens presentes no encontro não tinham esta vivência. Eis a partilha!

O padre rezava de costas para o povo e em Latim; Tínhamos que aprender a língua dos nossos fundadores (as) na Formação; A maneira de vestir, tínhamos mais roupa; Não tínhamos acesso à Bíblia, só à história sagrada e a vida dos santos; O povo rezava o terço durante a Missa; O padre fazia sermão em português, alemão e/ ou italiano; Na igreja tinha o púlpito e de lá muitas vezes vinha o cagaço; Na igreja as crianças estavam na frente, homens de um lado e mulheres de outro.; A roupa das mulheres na Missa tinha que ser de manga bem comprida, bem fechada;  As congregações eram isoladas, cada qual para si, não se comunicavam; Mudanças das Constituições; Tinha a mesa da penitência, tinha que confessar culpa “Eu me acuso que perdi um parafuso”; Tínhamos que raspar o cabelo; Existiam categorias de irmãs em algumas Congregações; Não se falava, se ficava em silêncio; As cartas eram abertas pela mestra; Não se podia expressar sentimentos; Havia “disciplina”, “silício”, troca de nome; Tínhamos que tomar banho de camisola; Não se podia cruzar as pernas; Tudo era feito com muita seriedade e por amor de Jesus; Não se podia mais ir para casa visitar a família.

Como se deu o processo durante o Concílio?

Foi uma época de mudança; Mudou muito a forma de oração; mudança de Hábito; Surgiram equipes de vida e partilha; Tirou-se os santos dos altares; Clausura, as irmãs começaram a ir para as Vilas; A Bíblia chegou a ser usada; Vieram os livrinhos com a Missa em português; O Concílio começou com João XXIII em 1962 e término em 1966 com Paulo VI; Muitas pessoas ficaram angustiadas, aflitas, perdidas com as mudanças.

Ir. Laura veio em nome da CRB e nos dirigiu uma mensagem de feliz encontro e nos disse que  devemos viver na alegria, manter a esperança e acolher as surpresas de Deus.

Como se deu o processo pós Vaticano II

Mudaram as nossas Assembleias, a prioridade era se inserir nas Pastorais, Cáritas, Ação Transformadora, promoção humana; Sair das obras e ir para a Inserção; Abertura para ir para o Norte e Nordeste; Surgimento da Teologia da Libertação; 1979  Puebla “Opção pelos Pobres”, 1990 Santo Domingos; Casas pequenas, vivência fraterna; Não se tinha opção de escolher os cursos que se queria fazer; Abertura para a Missão – Volta às fontes; Profissionalização das Irmãs; 1984 – efervescência das CEBS; Politização, Formação de Lideranças, Teologia da Libertação; Grupos de mães; Mística Feminina; Pastoral da Criança; Calaram Leonardo Boff e Ivone Gebara; Tínhamos muita esperança de mudança na sociedade; Fé e Política; Intercongregacionalidade; Abertura “Além Fronteiras”; CEBI – Estudos Bíblicos; MST; Escola Cristã de formação política; A vida religiosa deve avançar com alegria.

 

Dia 10/08/2013

Iniciamos com a oração da manhã na Capela. Bendizemos e louvamos o nosso Deus que fez sua tenda no meio de nós e que caminha conosco.

Frei Flávio Guerra, nosso assessor se apresentou contando um pouco da sua trajetória de Inserção. Atualmente mora numa comunidade Inserida na Lomba do Pinheiro, onde assume também os serviços domésticos da Fraternidade e trabalham mais na questão de Segurança Alimentar, Grupos de Geração de Renda.

Já em 1969 a CNBB pediu uma renovação das Paróquias. Na Lomba do Pinheiro já trabalham em Rede de Comunidades desde 1992.

Frei Flávio entregou um texto “Desaprender o Aprendido”. Fizemos leitura individual do texto.

Precisamos nos esvaziar para aprender outras coisas.

O Papa Pio XII era um grande intelectual. João XXIII era um velhinho de 77 anos. Era pensado como um Papa de transição, mas foi ele que convocou o Concílio. Ele que abriu as janelas para renovar o interior da Igreja, tirar o pó. Era preciso renovar. O Vaticano II foi um Concílio Pastoral.

Conforme João XXIII disse,  a Igreja não deve se desviar da sua verdade, de seus valores, mas precisa olhar para o mundo moderno e como responder aos seus apelos.

“A igreja deve ser como uma mãe amorosa, benigna, paciente, terna, acolhedora,  deve ser mais misericordiosa do que severa” João XXIII.

O Vaticano II não surgiu do nada. Houve um processo anterior.  Já nos anos 1920 os alemães queriam algo diferente. Nos anos 30 os franceses diziam que descobriram a Bíblia e a Liturgia. Temos um apaixonado desejo de unidade da Igreja. Regimes totalitários mexeram na Igreja. Nasceu a Encíclica Social “Rerum Novarum”. Foi um período de grande fecundidade filosófica e teológica – Humanismo cristão. Ação Católica – A Igreja havia perdido os trabalhadores. Os marxistas organizaram os trabalhadores.

Em 1948 surge o Conselho Mundial de Igrejas. Houve toda uma preparação para o Vaticano II, mas os conservadores eram contrários. As CEBs no Brasil vieram antes do Vaticano II, com D. Eugênio Sales. Surgiram outros grupos e movimentos como: “Organização por um mundo melhor”; “Frente Agrária Gaúcha”; Criação de sindicatos, cooperativas. Tudo pertence a Deus – Doutrina Social da Igreja.

O gérmen da organização da CNBB foi anterior ao Vaticano II, mas o mesmo a legitimou.

Em 08/12/1965 Terminou o Vaticano II.

Repercussão do Vaticano II no Brasil, na América Latina

-  Igreja “Povo de Deus”;

- Antes era uma Igreja piramidal, de cima para baixo. A Igreja era considerada a “Sociedade Perfeita, Corpo Místico de Cristo”.

- Veio a Igreja “Povo de Deus”, Igreja Comunhão. Todos têm a mesma dignidade, pois todos receberam o Batismo.

- A Vida Religiosa antes -  “Estado de Perfeição”.

Todos têm a missão de profetas, de Celebrar. Todo batizado é um celebrante. Todos participam, são responsáveis pela organização da igreja.

Gaudium Et Spes – Dignidade da pessoa humana. Fala da política , da economia, etc. Determina o modo do ser humano se entender.

O ser humano é o princípio, o meio e o fim de qualquer organização econômica.

A contribuição da Igreja na doutrina Social é a Gaudium Et Spes.

 A Pós Modernidade atinge tudo e todos. . Precisamos nos articular, planejar, não lutar sozinhos.

Outros Documentos

“Sacrosantum Concilium (Liturgia). Rezar com a mente, com o corpo e o espírito.

Moral – Antes do Concílio a moral era individual. Funcionava a Teologia do gagaço.  A  moral só olhava o ato, não olhava a pessoa que cometia o pecado.

Puebla assumiu a condição do pecado social. A Graça de Deus é mais forte que o pecado. O Vaticano II não chegou ao pecado social. Só Puebla chegou ao pecado social. Hoje vivemos num relativismo moral. Nada é pecado. Por outro lado se  clama por ética na política.

Pecado Social – é uma estrutura que funciona automaticamente e que fere a dignidade do outro. Quem é forte? Quem não se deixa abater pela ofensa.

Outra grande conquista do Vaticano II é o Ecumenismo. Buscar o que une, e não o que nos distingue. Nos une: a paz, a luta pela vida, a ética... Hoje: respeitar, acolher, valorizar o diferente e não se opor, discriminar. A salvação de Jesus é para todos. Eu vou ao encontro do outro não para convertê-lo, mas para ver e reconhecer Jesus que já está nele.

Volta às fontes

O Vaticano II fez um diálogo com o mundo moderno. Autonomia – cada um para si. Não existe mais “por tradição”. A mentalidade pós moderna não aceita fazer as coisas só por tradição, quer participar. Os problemas da terra se resolvem na terra. Quais os grandes problemas para quem vive na pós modernidade? Cultura racional, branca, masculina, ocidental.

Na América Latina, na conferência da Medelín, se assume o Vaticano II no rosto do pobre sócio econômico, o empobrecido, o oprimido. Injustiça institucionalizada, libertação das estruturas injustas, cujos protagonistas são os pobres. Libertação sócia econômica e política. Teologia da Libertação – CEBs – precisa ter o pé no chão, na realidade do pobre. Análise de Conjuntura – sociologia dialética (se existem os pobres é porque existem os ricos). A Teologia da Libertação era tida marxista porque usava a sociologia dialética – Ver, Julgar e Agir. Na América Latina – Neoliberalismo, Estado Mínimo, Terceirização. Diluiu, diminuiu os sindicatos.

Nos anos 90 a Igreja se deu conta que há outros excluídos: mulher, negro, idoso, criança. Com o fechamento da Igreja na América Latina, se deu a proliferação de Movimentos. Encolhimento da Inserção. Nos anos 70 surgiram as Pastorais sociais, criação da CUT, do PT. Levante popular da Juventude; Grito dos Excluídos; Semana Social Brasileira; Projetos Sociais. O Poder público também está investindo mais nas Políticas Públicas, qualificando e ampliando os serviços. O que atrai a juventude para a Igreja? Estamos num mundo plural. Devem surgir grupos diferentes.

Hoje a nossa referência é a Leitura Orante da Palavra; Bíblia como centro; Círculos Bíblicos, Rede de Comunidades; Valorização e participação da mulher; protagonismo dos leigos; solidariedade; economia solidária; Romaria da Terra; Romaria do Trabalhador (?); Formação; (Porque “os” de esquerda?) O Poder tem uma dimensão diabólica de impor aos outros a própria vontade e de garantir privilégios.

Nós no entanto temos a concepção de Poder como Serviço. Experiência de Deus; vida em comunidade; Missão não é só o fazer, mas o testemunho de vida. Um dos nossos gargalos é a vida em comunidade. A anemia da Evangelização está na vida em comunidade e na experiência de Deus.

Conversa em duplas:

A vida comunitária entra numa rotina; A Leitura Orante nos remete à Missão; Impasses da vida comunitária, revisão comunitária; A questão da disputa de poder as vezes atrapalha; “Minha comunidade, minha alegria, minha cruz”; “Se estás apaixonada por uma coisa, os pés ganham asas”; O grande” mal estar “ da VR está na desconexão das três esferas – Experiência de Deus, Comunidade, Missão; A Leitura Orante as vezes pode ficar no intelecto; As vezes somos pessoas amargas, nossa oração não nos transforma. A Fé nasce no coração e a cabeça esclarece. Nossa vida é um constante vai e vem. É formada de altos e baixos. A cruz é expressão do amor ; Nunca desistir da nossa opção; A comunidade nunca é um mar de rosas; O que nos mata é o lado afetivo. Todos temos nossas Limitações. A Graça supera a natureza.

Missa – 18:00          De noite – Confraternização

11/08/2013 – Dia de Santa Clara

Oração – Recordação da Vida – Dia dos Pais – Salmo 85

Vídeo : 50 años del Concilio Vaticano II



 

Trabalho em grupo
  1. Quais os maiores desafios que ainda temos e quais as possíveis respostas que podemos dar?

DESAFIOS

  • Diminuição das vocações religiosas; - Formação na Vida Religiosa; - Desvio das atenções – Ano da Fé; - A monopolização do poder ou a falta de compromisso do povo; - Organização dos grupos (igrejas domésticas); Acomodação de irmãs e padres; Igreja sacramental; Opção pelos pobres; Transferência de irmãs inseridas que prejudicam a inserção.

  • Igreja pobre para os pobres; Protagonismo do povo; Aproximação do povo na Missão; Rever o Foco e a prática da Missão; Conhecer e integrar Políticas Públicas; Testemunho de alegria, fraternidade, coragem, prudência e fidelidade; Não assistencialismo.

  • Reivindicar o engajamento com os pobres; Mudança de mentalidade; Olhar para a realidade e perceber o que emerge; Sair do comodismo; Sair de nossas estruturas; Deixar o espírito de posse, apego, não partilha; Formação encarnada na proposta de Jesus Cristo; Atitudes diferentes – Deixar de lamentar os 50 anos que se passaram;

  • Ligar Fé e Vida: espírito de CEBs; Formação com o povo; Retomar o Vaticano II; Propor para os líderes da Igreja o estudo do Documento “Comunidade de Comunidades” – Rede; LOB; Igreja e VR voltada para os pobres; conversão pessoal, coletiva e social.

  • Dar continuidade da Missão dos fundadores; Releitura do Carisma; Proximidade, ser presença; Limitações da idade e saúde; Como atrair mais jovens; Meios de Comunicação; Sustentabilidade; Abrir espaço para o novo; Medo de apostar no diferente.

RESPOSTAS

  • Resgatar a essência do Vaticano II; Atitudes de clareza, firmeza, coragem...; Grupo de família para estudo bíblico; Mais participação das opiniões das irmãs na vida da Congregação; Intercongregacionalidade para abraçar o mesmo projeto; Formação numa linha de Inserção; Preparação mais vivencial.
  •  Voltar as fontes; Viver uma vida simples; “Descer e ir ao encontro”; Lançar-se e ir ao encontro do povo empobrecido; O Foco da vida e Missão é Jesus Cristo; Articulação mútua para diálogo, partilha, apoio; Atitude e postura diante da vida;

  • Diálogo entre gerações; Sermos mais humanas e acolhedoras; Parcerias intercongregacionais; Apostar no protagonismo dos leigos; Presença qualificada; Centralizar-se em Jesus Cristo.

 

Avaliação

O que foi bom?

Assessoria; Coordenação; Ambiente; participação variada; alimentação; dinâmica; Oração- Mistica; participação das jovens, animação; dança; música; festa; partilha de vida.

O que poderia ter sido melhor?

Poderímos sugar um pouco mais, poderia ser mais amarrado; faltou um pouco de fundamentação do Frei Flávio; Poderia ter uma amarração no final; o tempo foi curto; Rever a data.

Data para 2014 – 29 a 31 de agosto

Tema: O Documento de Aparecida – “Paróquia Comunidade de Comunidades”

VRI e Solidária e pós Modernidade

Assessoria

Fei Wilson Dallagnol; Frei Luis Carlos Susin; Pe. Wilson Groh; Benedito Ferraro; D. Jaime Spengler; Pastora Nancy; Reverendo Humberto.


Ir. Clarice Teresinha Heck

Setembro – 2014

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