RELATÓRIO DO Seminário Estadual DA VRI E SOLIDÁRIA
Data: 09 a 11 de agosto
de 2013 / Local: CAJU – POA
Assessor: Frei Flávio
Guerra
O Seminário contou com a participação de 53 participantes de
15 congregações, cujos representantes são oriundos dos diversos municípios do
Estado – RS.
Após um momento de acolhida, de “Boas Vindas”, iniciamos
nosso encontro em nome da Trindade e invocamos as luzes do Espírito Santo para
o nosso Seminário. Em seguida cada
participante se apresentou dizendo seu nome, sua congregação e o nome do
município onde exerce a sua Missão.
Como o Nosso Tema era o Vaticano II, resolvemos fazer uma
partilha para recordar como era a Igreja e as congregações antes, pois as mais
jovens presentes no encontro não tinham esta vivência. Eis a partilha!
O padre rezava de costas para o povo
e em Latim; Tínhamos que aprender a língua dos nossos fundadores (as) na
Formação; A maneira de vestir, tínhamos mais roupa; Não tínhamos acesso à
Bíblia, só à história sagrada e a vida dos santos; O povo rezava o terço
durante a Missa; O padre fazia sermão em português, alemão e/ ou italiano; Na
igreja tinha o púlpito e de lá muitas vezes vinha o cagaço; Na igreja as
crianças estavam na frente, homens de um lado e mulheres de outro.; A roupa das
mulheres na Missa tinha que ser de manga bem comprida, bem fechada; As congregações eram isoladas, cada qual para
si, não se comunicavam; Mudanças das Constituições; Tinha a mesa da penitência,
tinha que confessar culpa “Eu me acuso que perdi um parafuso”; Tínhamos que
raspar o cabelo; Existiam categorias de irmãs em algumas Congregações; Não se
falava, se ficava em silêncio; As cartas eram abertas pela mestra; Não se podia
expressar sentimentos; Havia “disciplina”, “silício”, troca de nome; Tínhamos
que tomar banho de camisola; Não se podia cruzar as pernas; Tudo era feito com
muita seriedade e por amor de Jesus; Não se podia mais ir para casa visitar a
família.
Como se deu o processo durante o Concílio?
Foi uma
época de mudança; Mudou muito a forma de oração; mudança de Hábito; Surgiram
equipes de vida e partilha; Tirou-se os santos dos altares; Clausura, as irmãs
começaram a ir para as Vilas; A Bíblia chegou a ser usada; Vieram os livrinhos
com a Missa em português; O Concílio começou com João XXIII em 1962 e término
em 1966 com Paulo VI; Muitas pessoas ficaram angustiadas, aflitas, perdidas com
as mudanças.
Ir. Laura veio em nome da CRB e nos
dirigiu uma mensagem de feliz encontro e nos disse que devemos viver na alegria, manter a esperança
e acolher as surpresas de Deus.
Como se deu o processo pós Vaticano II
Mudaram as
nossas Assembleias, a prioridade era se inserir nas Pastorais, Cáritas, Ação
Transformadora, promoção humana; Sair das obras e ir para a Inserção; Abertura
para ir para o Norte e Nordeste; Surgimento da Teologia da Libertação; 1979 Puebla “Opção pelos Pobres”, 1990 Santo
Domingos; Casas pequenas, vivência fraterna; Não se tinha opção de escolher os
cursos que se queria fazer; Abertura para a Missão – Volta às fontes;
Profissionalização das Irmãs; 1984 – efervescência das CEBS; Politização,
Formação de Lideranças, Teologia da Libertação; Grupos de mães; Mística
Feminina; Pastoral da Criança; Calaram Leonardo Boff e Ivone Gebara; Tínhamos
muita esperança de mudança na sociedade; Fé e Política;
Intercongregacionalidade; Abertura “Além Fronteiras”; CEBI – Estudos Bíblicos;
MST; Escola Cristã de formação política; A vida religiosa deve avançar com
alegria.
Dia 10/08/2013
Iniciamos
com a oração da manhã na Capela. Bendizemos e louvamos o nosso Deus que fez sua
tenda no meio de nós e que caminha conosco.
Frei Flávio
Guerra, nosso assessor se apresentou contando um pouco da sua trajetória de
Inserção. Atualmente mora numa comunidade Inserida na Lomba do Pinheiro, onde
assume também os serviços domésticos da Fraternidade e trabalham mais na
questão de Segurança Alimentar, Grupos de Geração de Renda.
Já em 1969
a CNBB pediu uma renovação das Paróquias. Na Lomba do Pinheiro já trabalham em Rede
de Comunidades desde 1992.
Frei Flávio
entregou um texto “Desaprender o Aprendido”. Fizemos leitura individual do
texto.
Precisamos
nos esvaziar para aprender outras coisas.
O Papa Pio
XII era um grande intelectual. João XXIII era um velhinho de 77 anos. Era
pensado como um Papa de transição, mas foi ele que convocou o Concílio. Ele que
abriu as janelas para renovar o interior da Igreja, tirar o pó. Era preciso
renovar. O Vaticano II foi um Concílio Pastoral.
Conforme João
XXIII disse, a
Igreja não deve se desviar da sua verdade, de seus valores, mas precisa olhar
para o mundo moderno e como responder aos seus apelos.
“A igreja
deve ser como uma mãe amorosa, benigna, paciente, terna, acolhedora, deve ser mais misericordiosa do que severa”
João XXIII.
O Vaticano
II não surgiu do nada. Houve um processo anterior. Já nos anos 1920 os alemães queriam algo
diferente. Nos anos 30 os franceses diziam que descobriram a Bíblia e a
Liturgia. Temos um apaixonado desejo de unidade da Igreja. Regimes totalitários
mexeram na Igreja. Nasceu a Encíclica Social “Rerum Novarum”. Foi um período de
grande fecundidade filosófica e teológica – Humanismo cristão. Ação Católica – A
Igreja havia perdido os trabalhadores. Os marxistas organizaram os
trabalhadores.
Em 1948
surge o Conselho Mundial de Igrejas. Houve toda uma preparação para o Vaticano
II, mas os conservadores eram contrários. As CEBs no Brasil vieram antes do
Vaticano II, com D. Eugênio Sales. Surgiram outros grupos e movimentos como:
“Organização por um mundo melhor”; “Frente Agrária Gaúcha”; Criação de
sindicatos, cooperativas. Tudo pertence a Deus – Doutrina Social da Igreja.
O gérmen da
organização da CNBB foi anterior ao Vaticano II, mas o mesmo a legitimou.
Em
08/12/1965 Terminou o Vaticano II.
Repercussão do Vaticano
II no Brasil, na América Latina
- Igreja “Povo de Deus”;
- Antes era
uma Igreja piramidal, de cima para baixo. A Igreja era considerada a “Sociedade
Perfeita, Corpo Místico de Cristo”.
- Veio a
Igreja “Povo de Deus”, Igreja Comunhão. Todos têm a mesma dignidade, pois todos
receberam o Batismo.
- A Vida
Religiosa antes - “Estado de Perfeição”.
Todos têm a
missão de profetas, de Celebrar. Todo batizado é um celebrante. Todos participam,
são responsáveis pela organização da igreja.
Gaudium Et
Spes – Dignidade da pessoa humana. Fala da política , da economia, etc.
Determina o modo do ser humano se entender.
O ser
humano é o princípio, o meio e o fim de qualquer organização econômica.
A
contribuição da Igreja na doutrina Social é a Gaudium Et Spes.
A Pós Modernidade atinge tudo e todos. .
Precisamos nos articular, planejar, não lutar sozinhos.
Outros Documentos
“Sacrosantum
Concilium (Liturgia). Rezar com a mente, com o corpo e o espírito.
Moral –
Antes do Concílio a moral era individual. Funcionava a Teologia do gagaço. A
moral só olhava o ato, não olhava a pessoa que cometia o pecado.
Puebla
assumiu a condição do pecado social. A Graça de Deus é mais forte que o pecado.
O Vaticano II não chegou ao pecado social. Só Puebla chegou ao pecado social.
Hoje vivemos num relativismo moral. Nada é pecado. Por outro lado se clama por ética na política.
Pecado
Social – é uma estrutura que funciona automaticamente e que fere a dignidade do
outro. Quem é forte? Quem não se deixa abater pela ofensa.
Outra
grande conquista do Vaticano II é o Ecumenismo. Buscar o que une, e não o que
nos distingue. Nos une: a paz, a luta pela vida, a ética... Hoje: respeitar,
acolher, valorizar o diferente e não se opor, discriminar. A salvação de Jesus
é para todos. Eu vou ao encontro do outro não para convertê-lo, mas para ver e
reconhecer Jesus que já está nele.
Volta às fontes
O Vaticano
II fez um diálogo com o mundo moderno. Autonomia – cada um para si. Não existe
mais “por tradição”. A mentalidade pós moderna não aceita fazer as coisas só
por tradição, quer participar. Os problemas da terra se resolvem na terra.
Quais os grandes problemas para quem vive na pós modernidade? Cultura racional,
branca, masculina, ocidental.
Na América
Latina, na conferência da Medelín, se assume o Vaticano II no rosto do pobre
sócio econômico, o empobrecido, o oprimido. Injustiça institucionalizada,
libertação das estruturas injustas, cujos protagonistas são os pobres. Libertação
sócia econômica e política. Teologia da Libertação – CEBs – precisa ter o pé no
chão, na realidade do pobre. Análise de Conjuntura – sociologia dialética (se
existem os pobres é porque existem os ricos). A Teologia da Libertação era tida
marxista porque usava a sociologia dialética – Ver, Julgar e Agir. Na América
Latina – Neoliberalismo, Estado Mínimo, Terceirização. Diluiu, diminuiu os
sindicatos.
Nos anos 90
a Igreja se deu conta que há outros excluídos: mulher, negro, idoso, criança.
Com o fechamento da Igreja na América Latina, se deu a proliferação de
Movimentos. Encolhimento da Inserção. Nos anos 70 surgiram as Pastorais
sociais, criação da CUT, do PT. Levante popular da Juventude; Grito dos
Excluídos; Semana Social Brasileira; Projetos Sociais. O Poder público também
está investindo mais nas Políticas Públicas, qualificando e ampliando os
serviços. O que atrai a juventude para a Igreja? Estamos num mundo plural.
Devem surgir grupos diferentes.
Hoje a
nossa referência é a Leitura Orante da Palavra; Bíblia como centro; Círculos
Bíblicos, Rede de Comunidades; Valorização e participação da mulher;
protagonismo dos leigos; solidariedade; economia solidária; Romaria da Terra;
Romaria do Trabalhador (?); Formação; (Porque “os” de esquerda?) O Poder tem
uma dimensão diabólica de impor aos outros a própria vontade e de garantir
privilégios.
Nós no
entanto temos a concepção de Poder como Serviço. Experiência de Deus; vida em
comunidade; Missão não é só o fazer, mas o testemunho de vida. Um dos nossos
gargalos é a vida em comunidade. A anemia da Evangelização está na vida em
comunidade e na experiência de Deus.
Conversa em duplas:
A vida
comunitária entra numa rotina; A Leitura Orante nos remete à Missão; Impasses
da vida comunitária, revisão comunitária; A questão da disputa de poder as
vezes atrapalha; “Minha comunidade, minha alegria, minha cruz”; “Se estás
apaixonada por uma coisa, os pés ganham asas”; O grande” mal estar “ da VR está
na desconexão das três esferas – Experiência de Deus, Comunidade, Missão; A
Leitura Orante as vezes pode ficar no intelecto; As vezes somos pessoas
amargas, nossa oração não nos transforma. A Fé nasce no coração e a cabeça
esclarece. Nossa vida é um constante vai e vem. É formada de altos e baixos. A
cruz é expressão do amor ; Nunca desistir da nossa opção; A comunidade nunca é
um mar de rosas; O que nos mata é o lado afetivo. Todos temos nossas
Limitações. A Graça supera a natureza.
Missa –
18:00 De noite –
Confraternização
11/08/2013 – Dia de Santa Clara
Oração –
Recordação da Vida – Dia dos Pais – Salmo 85
Vídeo : 50 años del Concilio Vaticano II
Trabalho em grupo
-
Quais
os maiores desafios que ainda temos e quais as possíveis respostas que podemos
dar?
DESAFIOS
- Diminuição das vocações religiosas; - Formação na Vida Religiosa; - Desvio das atenções – Ano da Fé; - A monopolização do poder ou a falta de compromisso do povo; - Organização dos grupos (igrejas domésticas); Acomodação de irmãs e padres; Igreja sacramental; Opção pelos pobres; Transferência de irmãs inseridas que prejudicam a inserção.
- Igreja pobre para os pobres; Protagonismo do povo; Aproximação do povo na Missão; Rever o Foco e a prática da Missão; Conhecer e integrar Políticas Públicas; Testemunho de alegria, fraternidade, coragem, prudência e fidelidade; Não assistencialismo.
- Reivindicar o engajamento com os pobres; Mudança de mentalidade; Olhar para a
realidade e perceber o que emerge; Sair do comodismo; Sair de nossas
estruturas; Deixar o espírito de posse, apego, não partilha; Formação encarnada
na proposta de Jesus Cristo; Atitudes diferentes – Deixar de lamentar os 50
anos que se passaram;
- Ligar Fé e Vida: espírito de CEBs; Formação com o povo; Retomar o Vaticano II; Propor para os líderes da Igreja o estudo do Documento “Comunidade de Comunidades” – Rede; LOB; Igreja e VR voltada para os pobres; conversão pessoal, coletiva e social.
- Dar continuidade da Missão dos fundadores; Releitura do Carisma; Proximidade, ser presença; Limitações da idade e saúde; Como atrair mais jovens; Meios de Comunicação; Sustentabilidade; Abrir espaço para o novo; Medo de apostar no diferente.
RESPOSTAS
- Resgatar a essência do Vaticano II; Atitudes de clareza, firmeza, coragem...; Grupo de família para estudo bíblico; Mais participação das opiniões das irmãs na vida da Congregação; Intercongregacionalidade para abraçar o mesmo projeto; Formação numa linha de Inserção; Preparação mais vivencial.
-
Voltar as
fontes; Viver uma vida simples; “Descer e ir ao encontro”; Lançar-se e ir ao
encontro do povo empobrecido; O Foco da vida e Missão é Jesus Cristo;
Articulação mútua para diálogo, partilha, apoio; Atitude e postura diante da
vida;
- Diálogo entre gerações; Sermos mais humanas e acolhedoras; Parcerias intercongregacionais; Apostar no protagonismo dos leigos; Presença qualificada; Centralizar-se em Jesus Cristo.
Avaliação
O que foi bom?
Assessoria; Coordenação; Ambiente;
participação variada; alimentação; dinâmica; Oração- Mistica; participação das
jovens, animação; dança; música; festa; partilha de vida.
O que poderia ter sido
melhor?
Poderímos sugar um pouco mais,
poderia ser mais amarrado; faltou um pouco de fundamentação do Frei Flávio;
Poderia ter uma amarração no final; o tempo foi curto; Rever a data.
Data para 2014 – 29 a 31 de agosto
Tema: O Documento de Aparecida – “Paróquia Comunidade de
Comunidades”
VRI e Solidária e pós Modernidade
Assessoria
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