“O meu Desejo é a vida do meu povo”. (Est7,3)
Ao
celebrar a festa da Mãe Aparecida, padroeira do Brasil, neste domingo,
considero as vozes proféticas de Ester, da Mulher-Comunidade apocalíptica e de
Maria, Mãe de Jesus, todas comprometidas com a defesa da vida do povo,
opondo-se ao sistema econômico-politico opressor de seu tempo. Reportei-me ao
momento histórico politico que estamos vivendo e decidi escrever este pequeno
texto, no intuito de contribuir para que a opção Política neste segundo turno
das eleições em nosso País, seja expressão de nosso compromisso com as lutas do
povo, sobretudo com os mais pobres.
O
Papa Francisco afirma: “Envolver-se
na política é uma obrigação para um cristão. A política é uma das formas mais
elevadas da caridade. Uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista
– comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores,
deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela”[i]
Leonardo
Boff parafraseia essa afirmação, dizendo, que a Política com “P” maiúsculo,
comprometida com um modelo de sociedade voltado para a inclusão, a participação
e a justiça social é uma das formas mais altas de amor social.
O
Resultado do primeiro turno das eleições coloca-nos diante de uma hora histórico-politica decisiva. Não obstante a necessidade de uma leitura
mais ampla do resultado das urnas, o que temos em curso é uma grande investida
da direita conservadora do país, uma articulação de forças da elite oligárquica
e patrimonialista, detentora do poder econômico e apoiada pelas mídias globais
para retornar ao poder. Uma disputa não apenas de dois candidatos opositores,
ou entre siglas partidárias, mas de dois Projetos de Sociedade.
Aécio
Neves representa o projeto do triunfo do capital sobre as pessoas, do retorno à
“ditadura do mercado financeiro”, através das privatizações, da independência
do banco central, do caminho livre para o narcotráfico e consequentemente do
acirramento das desigualdades, da repressão aos movimentos sociais e do
abortamento de todas as mudanças sociais e estruturais em curso. A volta a uma
história que experimentamos recentemente, com o presidente Fernando Henrique
Cardoso: desemprego, altos índices de inflação, fome, endividamento publico,
privatizações, apagões, deixando abaixo da linha da pobreza mais 30 milhões de
pessoas. Uma massa sobrante, à margem das condições mínimas de vida. Lembram?
Dilma
Rousseff, representa a continuidade e o aprimoramento do projeto de crescimento econômico e social
voltado para as classes populares, comprometido com a superação das
desigualdades e a soberania nacional. Nos últimos 12 anos como afirma Leonardo
Boff: “Não podemos negar que milhões de pessoas viram suas aspirações atendidas e
que hoje o rumo do Brasil é outro. Pode não ser do agrado das classes
dominantes que foram derrotadas. De um Estado neoliberal e privatista que se
alinhava ao neoliberalismo dominante, passamos a um Estado republicano, Estado
que coloca a res publica, a coisa pública, o social no foco de sua ação, Daí a
centralidade que o governo Lula-Dilma deu aos milhões que estavam secularmente
à margem e que foram – são 36 milhões – inseridos na sociedade organizada[ii]e
com melhorias concretas em suas vidas cotidianas. Nosso voto, agora pode decidir pela continuidade ou ruptura deste
caminho.
Como
nos afirma o historiador Oscar Beozzo: “A questão de fundo em
nossa sociedade é a do direito dos pequenos à vida sempre ameaçada pela abissal
desigualdade de acesso aos meios de vida e pelas exíguas oportunidades abertas
às grandes maiorias do andar debaixo”. A elite brasileira incomodada com as
politicas de ascensão social e econômica dos mais pobres, através das políticas
democráticas e dos programas sociais como o Bolsa Família, o ProUni, o PRONATEC, Luz para todos, Minha
Casa Minha Vida, o Mais Médicos e outros que visam a assegurar direitos cidadãos, ampliar a
democratização da sociedade, combater privilégios dos grandes grupos
econômicos, têm recorrido aos meios mais
espúrios para descaracterizar o governo Dilma e retornar ao poder.
Neste
contexto, vale-nos a afirmação imperativa do Papa Francisco: “Devemos implicar-nos na política - Os
cristãos não podem fazer de Pilatos, lavar as mãos”. Uma experiência cristã
madura impõe o envolvimento e compromisso com a transformação da realidade para
que todos os povos tenham vida em abundância.
E
nesta conjuntura político-eleitoral,
se queremos ser fiéis à nossa missão de defender a vida e a dignidade humana,
de contribuir para um país mais justo e solidário, não resta dúvida, nosso
compromisso se expressa pela nossa opção politica pela da vida do povo, “contra as tramóias da direita”[iii] , e a favor
da consolidação do projeto democrático popular, pelo nosso VOTO EM DILMA
13, que corresponde ao:
- Voto pelo pão na mesa de todos os brasileiros, em
especial na mesa dos pobres;
- Voto pela
continuidade da superação das desigualdades;
- Voto pela inclusão através da participação e da
cidadania ativa da sociedade;
-
Voto pela não redução da maioridade penal;
-
Voto pela continuidade e
aprimoramento das politicas sociais;
-
Voto pela Reforma Politica, Agraria e Tributária;
-
Voto pela Educação de qualidade e
em tempo integral;
-
Voto pela Continuidade da Redução
da mortalidade infantil;
- Voto pela continuidade na melhoria
da Educação e Saúde;
- Voto pela não criminalização dos
movimentos sociais;
- Voto pela superação da corrupção e
da impunidade;
- Voto pelo fortalecimento das
políticas de Direitos Humanos;
- Voto pelas políticas de superação da
violência contra a mulher;
- Voto pela ampliação da agricultura
familiar;
- Voto pelas politicas de segurança
integrada entre os estados e municípios;
- Voto pela Vida, a Justiça Social, a Igualdade de diretos e
oportunidades.
E para concluir reporto-me a Hannah
Arendt para lembrar a todas e todos nós que
“o poder só é efetivo enquanto a palavra e o ato não se divorciam. Quando as
palavras não são vazias e os atos não são brutais. Quando as palavras não são
empregadas para velar intenções, mas para
revelar realidades, e os atos não são
usados para violar e destruir, mas para criar novas realidades.”[iv]
Esse poder está agora
em nossas mãos. Cabe a nós exercê-lo através do “voto ético”, consciente, livre
e responsável, expressando nosso compromisso com a vida e a cidadania. Optando
pelo projeto de desenvolvimento que nos permita, não obstante as dificuldades e
limites, seguir superando as dificuldades, fazendo as mudanças necessárias e
assim reinventando o Brasil que queremos: economicamente justo,
politicamente democrático, socialmente solidário, culturalmente plural e
ecologicamente sustentável.
Eurides Alves de
Oliveira, ICM
[iii]
Leonardo
boff: Votar em Dilma Roussef para continuar a invenção do novo Brasil. http://leonardoboff.wordpress.com/page/3/
, 1991.
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